Todos os dias Ewá saia com seus dois filhos e ia para a floresta em busca de lenha. Ao voltar seguia direto para a cidade onde vendia o produto. Esse era o seu meio de sobrevivência. Não gostava de levar os filhos pequenos, andava por lugares perigosos, mas não havia quem pudesse ficar com eles. Nessa rotina seguia sua vida. Um dia preparou as crianças e saíram mais cedo que o costume, precisavam de muita lenha, os víveres de sua casa estavam no final e somente com uma boa venda poderia comprar alimentos para a família. Disposta a fazer uma grande coleta, desviou-se do caminho habitual. Andaram por trilhas desconhecidas subindo e descendo por horas. Somente quando o sol estava a pino foi que a mulher percebeu que estavam perdidos. Tentou de todas as maneiras lembrarem-se do caminho feito, mas nada. Pediu a ajuda dos filhos, mas estes pequenos demais, nem haviam percebido o engano da mãe. As crianças, a essa altura exaustas, começaram a se assustar com o perigo que pressentiam na situação. Ewá corria de um lado a outro tentando lembrar-se da trilha que os trouxera até ali. Os meninos reclamaram de sede, ela se apavorou. Não tinha água ali, passaram por caminhos sem fim e nem sinal de uma bica sequer. Pediu que mantivessem a calma e pegando-os pelas mãos decidiu arriscar, não podia ficar ali parada. Andaram por mais algum tempo. O sol tornara-se insuportável. O suor escorria pelos corpos fazendo com que a sede aumentasse a níveis insuportáveis. As crianças começaram a fraquejar e sem agüentar dar mais um passo, caíram aos pés da mãe com o rosto macilento e as faces começando a encovar. Ewá transtornou-se ao sentir que seus filhos morreriam ali sem socorro se ela nada fizesse. Ajoelhou-se e elevou os olhos para o alto: Olorum senhor do mundo! Não deixe que meus filhos morram por causa da incapacidade da mãe. Eles precisam de água senhor, só a vós posso recorrer! No instante da prece a mata estremeceu Ewá cravou as unhas na terra e gritou, seu corpo enrijeceu. O último olhar foi depositado sobre os filhos no momento em que seu corpo tranformou-se em mármore. A bela negra tinha se tornado uma fonte de água pura, límpida e cristalina. Os filhos de Ewá foram salvos. Da pequena fonte nasceu o rio Yewá na Nigéria onde até hoje se fala no sacrifício materno da grande deusa do sangue branco.
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